quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que eu aprendi de importante


O que eu aprendi de importante
  • Hipertensão arterial sistêmica
-Os exercícios aeróbicos, como as caminhadas (porém, para considerarmos a caminhada como atividade aeróbica, devemos monitorar a FC, que deve ser mantida por cerca de 30 minutos, 3 a 5 x na semana, entre 60 e 80% da FC máxima), podem ter um importante efeito anti-hipertensivo (o exercício aeróbico tem sido associado a redução de 5 a 15 mmHg nos níveis pressóricos); além disso, liberam endorfinas, que têm efeito ansiolítico; e estimulam a neoformação vascular na musculatura esquelética, aumentando o leito capilar e, desta forma, reduzindo a pressão arterial.
- A decisão terapêutica não deve ser baseada apenas nos níveis da PA, mas também no risco cardiovascular (considerando-se a presença de fatores de risco, lesão em órgão-alvo e/ou doença cardiovascular estabelecida); sendo isso importante principalmente para a decisão de quando iniciar o tratamento farmacológico (e não apenas as mudanças no estilo de vida).
-Os diuréticos (especificamente os tiazídicos, já que os de alça ficam reservados para situações de hipertensão associada a insuficiência renal e na insuficiência cardíaca com retenção de volume) são uma excelente classe de anti-hipertensivos, pois reduzem efetivamente a morbidade e a mortalidade cardiovascular; porém, podem induzir ou piorar dislipidemia (principalmente hipertrigliceridemia) e hiperglicemia (aumentado o risco de DM), também podem causar hipopotassemia, além de serem contraindicados para pacientes com gota.
  •          Diabetes
- Em pacientes com DM, é fundamental o controle pressórico rigoroso (PA alvo menor ou igual a 130/80 mmHg), sendo os IECA e os BRAs as drogas preferidas (pois, por exemplo, podem ter um efeito nefroprotetor), principalmente em pacientes com alto risco cardiovascular.
- Para diabéticos com elevado risco cardiovascular, que não tenham contra-indicações, recomenda-se terapia com anti-agregante plaquetário (ácido acetilsalicílico, 100 mg, 1 comprimido após o almoço) e com estatinas.
- A metformina é geralmente uma excelente opção, principalmente em casos associados a obesidade, e deve ser ingerida preferencialmente antes das refeições, por exemplo, do almoço e/ou jantar; mas não pode ser utilizada de forma alguma quando o clearance de creatinina estiver abaixo de 50.

  • Obesidade
- A perda de peso é muito mais que uma medida cosmética e visa à redução da morbidade e mortalidade associadas à obesidade, sendo que perdas de 5 a 10% do peso corpóreo inicial são associadas a reduções significativas de pressão arterial, glicemia e valores séricos de lipídios; e sendo o ideal perder cerca de 10% do peso corpóreo ao longo de 6 meses e manter essa perda de peso.
- Os Inibidores específicos da recaptação de serotonina (por exemplo, a Fluoxetina) podem ser utilizados no tratamento da obesidade e estão indicados quando a obesidade está associada à depressão, ansiedade ou compulsão alimentar; sendo importante lembrar que esses efeitos são transitórios.
- A Metformina pode ser um medicamento bastante útil no tratamento da obesidade, principalmente em pacientes obesos (ou com sobrepeso) e com diabetes tipo 2.  


  • Hipotireoidismo
- Em casos de sintomas como astenia, sonolência, adinamia, dificuldade de memória e de concentração, é importante pensar em hipotireoidismo, pois muitas vezes pensa-se apenas em depressão, sem nem sequer pensar na possibilidade de hipotireoidismo.
- O aumento do colesterol total e do LDL pode estar relacionado ao hipotireoidismo; portanto, geralmente instituindo um tratamento adequado para o hipotireoidismo, ocorre melhora da dislipidemia, não sendo necessários medicamentos específicos para esta desordem.

  • Dislipidemias
-Em se tratando predominantemente de aumento dos níveis de colesterol total, principalmente as custas de LDL, a classe de escolha é a das estatinas; entretanto, apesar de raros, deve-se lembrar dos efeitos adversos, como hepatite, miosite e rabdomiólise, que podem ser graves (recomenda-se, então, as dosagens dos níveis basais de creatinofosfoquinase –CPK- e de transaminases -especialmente ALT-, que devem ser repetidas na primeira reavaliação ou a cada aumento de dose).
- Em casos de valores de triglicérides acima de 500 mg/dL, o tratamento tem como principal propósito diminuir o risco de pancreatite, sendo os fibratos os medicamentos de escolha.
-Em alguns casos, pode-se fazer uma associação com ácido nicotínico, que é um medicamento muito bom, mas que tem efeitos adversos importantes, como elevação da glicemia e do ácido úrico, que podem ser atenuados por meio da prescrição concomitantemente com AAS 100 mg.

  • Tontura
- Além de causar parkinsonismo, a cinarizina ou a flunarizina não devem ser prescritas para idosos porque esses supressores da função vestibular, isoladamente ou interagindo com outras drogas,  podem piorar os sintomas labirínticos; e, além disso, a sedação aumenta o risco de quedas na população geriátrica e favorece a ocorrência de depressão.
- A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é uma condição benigna, que pode ser identificada pelo Teste de Dix-Hallpike, e que pode ser tratada pela Manobra de Epley.

  • Ansiedade
- Em casos de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), as melhores opções em caso de terapia farmacológica são Paroxetina (ISRS), Escitalopram (ISRS), Venlafaxina (IRSN), Buspirona, benzodiazepínicos (curtos prazos!!), e Imipramina (tricíclico) como 2ª escolha.
-Em alguns casos, podem ser utilizados beta-bloqueadores em dose baixa para alívio de palpitações e sudorese.
- Os benzodiazepínicos, apesar de serem frequentemente prescritos, não são a melhor opção, uma vez que há pouca evidência por ensaios clínicos que demonstrem sua eficácia, além de apresentarem potencial de desenvolvimento de tolerância e dependência com o uso prolongado (usar por no máximo 3 semanas!); podendo então ser utilizados esporadicamente, isto é, uso ocasional, atenuando os sintomas de forma imediata.

  • Tabagismo
- A terapia de reposição de nicotina (TRN), a Bupropiona e a Vareniclina são consideradas de 1ª linha, enquanto que a Nortriptilina e a Clonidina são os fármacos de 2ª linha no tratamento.
-A abordagem farmacológica varia de acordo com os recursos financeiros do paciente (uma vez que os preços dos medicamentos variam MUITO!), por exemplo, em casos de pacientes com poucos recursos, pode-se iniciar com TRN (como goma de nicotina) e, se for necessário, associar Nortriptilina; já em casos de pacientes com recursos, pode-se iniciar com TRN (como adesivo de nicotina) e, se for necessário, pode-se associar Bupropiona.