quarta-feira, 4 de maio de 2011

Estudo dirigido de dislipidemias


ESTUDO DIRIGIDO - Dislipidemias
1     caso clínico – Hiperlipidemia mista
Leia com atenção o caso clínico abaixo. Avalie se este é um paciente comum, com problemas geralmente observados no seu dia-a-dia.
O Sr. Atheros Magnus, 46 anos, é seu paciente há um ano. Neste período vocês já tentaram diversas alternativas não farmacológicas para que ele conseguisse melhorar o perfil lipídico, mas nada deu certo. Ele segue rigorosamente a dieta com baixo teor de gordura saturada e colesterol, e ingere frutas, verduras e legumes. Ele não fuma e consome álcool com moderação. Pratica atividade física regularmente e tem um peso saudável (IMC=22).
Ele não tem hipertensão (PA=125/80 mmHg), diabetes ou problemas com a função renal e hepática, nem história familiar de doenças circulatórias
As dosagens do colesterol LDL em geral estão por volta de 190 mg/dL, do colesterol HDL por volta de 45 mg/dL, e dos triglicérides por volta de 150 mg/dL. O colesterol total em média se mantém por volta de 270 mg/dL.

1)    Pensando nos riscos de adoecer nos próximos anos ou décadas, qual o objetivo principal do tratamento farmacológico da dislipidemia do Sr. Atheros?
Prevenir complicações que podem ser muito graves, como evento coronariano agudo.  As dislipidemias (principalmente naquelas em que predomina o aumento do colesterol total, principalmente se for as custas do aumento de LDL) estão intimamente relacionadas a aterosclerose e, consequentemente, as doenças cardiovasculares (doença coronariana, IAM, morte súbita, angina estável, etc), assim como a doenças cerebrovasculares (AVC isquêmico e hemorrágico). Ou seja, a abordagem terapêutica e profilática dessas doenças é extremamente importante, tendo-se em vista que podem aumentar significativamente a morbimortalidade.

2)    Qual a classe de medicamentos de escolha?
Como se trata predominantemente de aumento dos níveis de colesterol total, principalmente as custas de LDL, a classe de escolha é a das estatinas.  


3)    Faça a prescrição completa de uma droga desta classe, incluindo o horário em que deverá ser administrada.
Uso oral
Sinvastatina                            20mg                            uso contínuo  
Tomar um comprimido após o jantar.

4)    No site http://www.consultaremedios.com.br confira o preço do tratamento mensal com a droga que você prescreveu.
Considerando-se os melhores preços... O tratamento mensal com um similar ficaria em torno de R$20,00, R$25,00. Com os genéricos, cerca de R$40,00. Já com um de referência, em torno de R$ 130,00.

5)    Qual é a meta (níveis de colesterol LDL e HDL) a atingir com o tratamento? Você acha que ele vai alcançar a meta com este medicamento?
Escore de Risco de Framingham (ERF):
Idade: 3; Nível de colesterol total: 6; HDL: 1; medida da PA: 0; não fuma: 0 =10. Esse valor corresponde a 6% de risco absoluto de infarto e morte em 10 anos. Abaixo de 10% este risco é considerado baixo e as metas são: LDL < 160 mg/dL, não-HDL < 190 mg/dL, HDL > 40 mg/dL e TG < 150 mg/dL.
As estatinas reduzem o LDL-C de 15% a 55% em adultos, os TG de 7% a 28% e elevam o HDL-C de 2% a 10%. Assim, o medicamento escolhido teoricamente tem a capacidade de adequar os níveis lipídicos do paciente às metas estipuladas.

6)    Se o Sr. Atheros fosse diabético, qual seria a meta do LDL?
A meta seria LDL < 100 mg/dL (opcional < 70 mg/dL).

7)    Que tipo de efeitos adversos você deverá monitorizar? De que forma?
Felizmente, os efeitos adversos das estatinas são raramente observados durante o tratamento. Entretanto, alguns deles podem ser graves, como a hepatite, miosite e a rabdomiólise. Para detectá-los, são recomendadas as dosagens dos níveis basais de creatinofosfoquinase (CPK) e de transaminases (especialmente ALT). Estas dosagens devem ser repetidas na primeira reavaliação ou a cada aumento de dose.


8)    Se o resultado não for adequado, que outras drogas você poderia associar à estatina? Faça a prescrição completa de uma delas.
Os medicamentos que poderiam ser associados a estatina são: ezetimiba e colestiramina; eventualmente fibratos ou ácido nicotínico.

Uso oral
Ezetimiba                            10mg                              uso contínuo
Tomar um comprimido ao dia, no horário de preferência.
(Pode ser administrada a qualquer hora do dia, com ou sem alimentação)


2     caso clínico – Hipertrigliceridemia isolada
Leia com atenção o caso clínico abaixo. Avalie se esta é uma paciente comum, com problemas geralmente observados no seu dia-a-dia.
A Senhora Amilasia Severa, 42 anos, é sua paciente há dois anos. Neste período vocês já tentaram diversas alternativas não farmacológicas para que ela conseguisse melhorar o perfil lipídico, mas nada deu certo. Ela segue razoavelmente bem a dieta hipocalórica, com adequação do consumo de carboidratos e gordura, além da restrição total do consumo de álcool. Mas “não tem tempo para atividade física” e não consegue perder peso (seu IMC é 34).
Desta forma, ela persiste com hipertrigliceridemia. Nas ultimas semanas, mesmo sem modificação de dieta, vocês começaram a ficar preocupados com os níveis dos triglicérides, sempre entre 500 mg/dL e 550 mg/dL.
Ela não tem hipertensão e diabetes nem problemas de função renal, hepática ou da vesícula biliar. As dosagens do colesterol LDL em geral estão por volta de 80 mg/dL, e do colesterol HDL por volta de 30 mg/dL.

9)    Pensando nos riscos de adoecer, qual o objetivo principal do tratamento farmacológico da dislipidemia da Sra. Amilasia? (atenção para esta resposta!)
Em casos de valores de triglicérides acima de 500 mg/dL, o tratamento tem como principal propósito diminuir o risco de pancreatite.

10) Qual a classe de medicamentos de escolha?
Fibratos.
11) Faça a prescrição completa de uma droga desta classe.
Uso oral
Genfibrozil                       600mg                              uso contínuo
Tomar ½ comprimido 30 minutos antes do café da manhã e ½ comprimido antes do jantar.


12) Qual é a meta do tratamento?
De acordo com o ERF esta paciente se enquadra em um baixo risco absoluto de infarto e morte em 10 anos. Assim, a meta de TG seria < 150mg/dL. Entretanto, alguns autores defendem que para pacientes com níveis séricos de TG constantemente acima de 500mg/dL é aceitável manter o triglicérides entre 250 e 500 mg/dL.
OBS:  o efeito esperado do Genfibrozil é de uma redução entre 20 e 60% do triglicérides. Assim, os níveis da paciente devem manter-se entre 200 e 440 mg/dL .

13) Você espera algum efeito benéfico sobre o HDL? Qual?
Sim; os fibratos aumentam o HDL em 7 a 11%.
14) Que efeitos adversos comuns ou graves dos fibratos você deverá avaliar?
Felizmente, assim como em relação as estatinas, efeitos colaterais graves durante tratamento com fibratos são pouco freqüentes. Podem ocorrer: distúrbios gastrintestinais, mialgia, astenia, litíase biliar, diminuição de libido, erupção cutânea, prurido, cefaléia, perturbação do sono. Raramente observa-se aumento de enzimas hepáticas e/ou CK, alteração que é reversível com a interrupção do tratamento. Casos de rabdomiólise têm sido descritos com o uso da associação de estatinas com genfibrozil (por isso, deve-se evitar essa associação).

15) Se você não conseguir uma redução adequada dos triglicérides, você associaria ácido nicotínico? Por quanto tempo? Justifique.
Primeiramente, eu voltaria a falar sobre a mudança nos hábitos de vida, principalmente quanto a pratica de exercícios físicos (que ela relata não fazer). E acho que sim, eu associaria (na prática, esse medicamento é muito utilizado? Nunca tinha ouvido falar!!!).  Como os efeitos adversos relacionados ao rubor facial ou prurido ocorrem com maior freqüência no início do tratamento, recomenda-se dose inicial de 500 mg ao dia com aumento gradual, em geral para 750 mg e depois para 1000 mg, com intervalos de quatro semanas a cada titulação de dose, buscando-se atingir 1 a 2 g diárias. O pleno efeito sobre o perfil lipídico apenas será atingido com o decorrer de vários meses de tratamento. (Então eu faria avaliação de quanto em quanto tempo???)

16) O acido nicotínico traria benefícios adicionais à redução dos triglicérides?
Sim, ele reduz os triglicérides em 20 a 50%.

Considere agora que os exames iniciais da Sra. Amilásia eram outros: triglicérides=380 mg/dL; colesterol LDL=170 mg/dL; colesterol HDL=40 mg/dL.
17) O início do tratamento seria com estatina? Ou você associaria uma estatina ao longo do tratamento iniciado com fibrato? Justifique.
Em caso de hiperlipidemia mista eu iniciaria o tratamento com uma estatina. A estatina tem efeitos benéficos sobre os níveis de LDL, HDL e TGL. Os fibratos são eficazes na redução dos TGL e podem aumentar HDL, porém seus efeitos sobre os níveis de LDL são questionáveis, podendo reduzí-lo, não alterá-lo ou até aumentá-lo. Já o fibrato poderia ser associado ao longo do tratamento iniciado com estatinas.

18) No caso da associação acima, quais seriam os riscos? Qual associação específica deveria ser evitada?
Deve-se evitar a associação de estatinas com genfibrozil, devido ao risco aumentado de rabdomiólise.

Fim do caso clínico.

Estudo dirigido de hipotireoidismo

Estudo dirigido – hipotireoidismo
Leia os três casos clínicos abaixo e as perguntas que fizemos sobre eles. Mas não comece a responder ainda. Depois de analisar bem os casos abra “Hipotireoidismo, Tratamento - Capítulo[1]”; “Hipotireoidismo - Projeto Diretrizes 2005[2]”; “Hypothyroidism - Endocrinol Metab Clin 2007[3]”; “Tireóide, Testes diagnósticos - Proj Diretrizes 2004[4]”. Identifique os trechos dos textos que deverão ajudar a responder as perguntas. Durante a leitura, tente identificar também as características dos pacientes dos casos clínicos.
1     caso clínico: Sr. Josefino da Cruz
O Sr. Josefino da Cruz de 59 anos, sexo masculino, queixa-se de astenia, sonolência, adinamia, dificuldade de memória e de concentração há cerca de 1 ano, coincidindo com aposentadoria. Atribuiu o fato a depressão e procurou psiquiatra que prescreveu fluoxetina. Não obteve melhora com a fluoxetina e passou a não dormir bem.
Tem dislipidemia diagnosticada há 2 anos, com colesterol total de 250 mg/dL e LDL elevado, na faixa de 170 mg/dL, mas recusa-se a usar medicamento, pois diz já ter utilizado e “não adiantou nada”.
Procurou ambulatório de clínica geral, onde se observou discreto bócio difuso de superfície lisa, FC 64 bpm, PA 130 x 90 mmHg, IMC 28.
Foram solicitados os seguintes exames:
TSH: 13,8 mU/L (ref 0,5-4,5),
T 4livre: 0,7ng/dl (0,8-1,8);
Glicemia jejum: 104mg/dl
Creatinofosquinase: 567UI/ml (até 190 UI / ml em homens).


1)    Comente os sinais e sintomas encontrados, correlacionando-os com o hipotireoidismo.
Astenia, sonolência, adinamia, dificuldade de memória e de concentração, são sintomas comumente relatados em pacientes com hipotireoidismo. O hipotireidismo pode estar relacionado, ainda, a depressão. Além disso, o aumento do colesterol total e do LDL pode estar relacionado ao hipotireoidismo.


2)    Este paciente é portador de hipotireoidismo subclínico? Por quê?
Não. O hipotireoidismo subclínico está presente quando são normais os níveis de T4 livre circulantes na presença de TSH elevado, sendo geralmente assintomático (mas pode haver sintomas, geralmente mais “vagos” e não específicos); e esse não é o caso: o paciente apresenta redução dos níveis de T4 livre, além de ser sintomático.

3)    Qual a etiologia mais comum do hipotireoidismo? Como diagnosticá-la?
O hipotireoidismo mais comum é o primário, sendo que a etiologia mais comum é a auto-imune (caracterizada pela presença de auto-anticorpos), também denominada Tireoidite de Hashimoto. O diagnóstico é feito (claro, além da clínica e da dosagem de TSH e T4 livre) com a dosagem de auto-anticorpos tireoidianos antiperoxidase (anti-TPO), que é o teste mais sensível para detectar doença tireoidiana auto-imune.


4)    Você dosaria Anti-TPO? Como espera encontrá-lo?
Sim. Elevado (pensando-se que se trata da etiologia mais comum, que é a auto-imune).


5)    Na palpação da tireóide observou-se tireóide difusamente aumentada, fibroelástica, sem nódulos detectáveis à palpação. Você faria uma cintilografia da tireóide? E um ultra-som? Justifique.
Não. Esses exames geralmente são solicitados quando se encontra algum nódulo, e esse não é o caso.


6)    Como você explica o aumento da creatinofosfoquinase?
A creatinofosfoquinase (CPK) é uma enzima que, quando aumentada, pode indicar lesão muscular. No hipotireoidismo, há uma redução do metabolismo corporal, podendo causar, além de várias outras alterações, diminuição do “turnover” de proteínas. Assim, por exemplo, astenia e adinamia são sintomas que podem estar presentes no hipotireoidismo.



7)    Como você o orientará sobre a dislipidemia? E a hipertensão? E a depressão?
A dislipidemia e a depressão provavelmente estão relacionadas a doença tireoidiana. Portanto, instituindo-se tratamento para o hipotireoidismo, esses quadros devem melhorar (assim, por exemplo, a fluoxetina deve ser suspensa). Mas, de qualquer forma, é importante lembrar que mudanças no hábito de vida, como dieta e exercícios físicos são essenciais, não apenas para essas alterações, como também para várias outras, incluindo a hipertensão.  Quanto a hipertensão, deve-se inicialmente abordá-la com mudanças de hábito de vida, como foi dito. Se necessário, posteriormente, deve-se iniciar tratamento farmacológico.


8)    Faça uma prescrição de T4 (levotiroxina), utilizando o nome comercial, a dose, e ensinando detalhadamente como utilizar. Escreva na prescrição a duração do tratamento, os cuidados que deve ter com o medicamento e a forma de ingeri-lo, assim como a data do primeiro retorno.
Uso oral
1. Puran T4 50µg ------------------------------------------------------------------ 30cp/mês
Tomar um comprimido ao acordar, em jejum, no mínimo 30 minutos antes do café da manhã. Uso contínuo.
Fazer o exame de sangue para dosar TSH e T4 livre depois de 4 semanas de tratamento e voltar à consulta (dentro de 4 a 6 semanas depois de iniciar o tratamento).
OBS: (Faria reajustes e retornos mensais, dosando TSH e T4 livre, até atingir a dose de 100 µg).


9)    Por que você não utilizou T3 (tri-iodotironina) para o tratamento deste paciente?
O tratamento com a combinação de T4 e T3 não produz melhora no bem-estar, na função cognitiva, na qualidade de vida, no peso, no colesterol total, nos níveis de LDL nem de HDL, quando comparado ao tratamento só com T4. Em 1970, demonstrou-se que, no homem, o T4 é deiodinado a T3 em tecidos extra-tireoidianos. Este conceito levou à conclusão de que o T4 é o agente terapêutico que melhor simula a fisiologia tireoidiana normal. Além disso, a ingestão de compostos contendo T4 e T3 é associada com picos pós-absortivos de T3, levando a palpitações.


Você inicia o tratamento com levotiroxina, na dose de 50 mcg/dia. Entretanto, o paciente só retorna quatro meses após, com os primeiros controles, que mostram TSH 11,4 mU/L, T4 livre 1,7 ng/dl e anti-TPO de 1200.
10) Como você interpreta estes exames? Porquê o TSH continua alto e o T4 livre está normal?
Pensaria em duas hipóteses:
1-    Como os valores de T4 livre estão próximos ao valor mais alto dos de referência, pensaria que o paciente não fez o tratamento adequadamente. Provavelmente, não estava tomando o medicamento e, pouco antes do retorno, começou a tomá-lo. Assim, os valores de T4 livre ficaram dentro da normalidade (próximo ao valor mais alto de referência), sem haver tanta redução do TSH.
2-    A dose ainda não está adequada para esse paciente, sendo necessário reajuste da dose para que o TSH se normalize.





11) Como você procederá agora? Com que intervalo irá rever o paciente?
Orientaria o paciente novamente, explicando a importância do tratamento, e a realização correta do mesmo (por exemplo, tomar o medicamento todos os dias pela manhã, em jejum). Elevaria a dose para 75 µg/dia, e solicitaria novos exames (TSH e T4 livre) em um mês, com posterior retorno (dentro de 4 a 6 semanas).



12) Que efeitos adversos podem ocorrer com o tratamento?
Pode ocorrer hipertireoidismo por superdosagem de levotiroxina. Por exemplo, pode surgir insônia, agitação, emagrecimento. Em alguns casos, pode até mesmo ocorrer fibrilação atrial.


13)  Se o Sr Josefino tivesse 80 anos, sua conduta seria diferente? Por quê? Faça a prescrição para um senhor de 80 anos.
Sim. Em pacientes idosos, devido ao maior risco de doenças cardíacas, deve-se iniciar com doses de 12,5µg a 25µg por dia. Fazer o retorno com 4 a 6 semanas e avaliar, além dos sintomas do hipotireoidimo, sintomas cardíacos. Se necessário aumentar a dose da levotiroxina, deve-se fazê-lo com aumento de 12,5 a 25µg (a cada 4 a 6 semanas, então).
Uso oral
1. Puran T4 12,5µg --------------------------------------------------------------- 30cp/mês
Tomar um comprimido ao acordar, em jejum, no mínimo 30 minutos antes do café da manhã. Uso contínuo.
Fazer o exame de sangue para dosar TSH e T4 livre depois de 4 semanas de tratamento e voltar à consulta (dentro de 4 a 6 semanas depois de iniciar o tratamento).
14)  Qual o intervalo necessário para acompanhar o Sr.Josefino? Faça um planejamento de retornos.
A dose inicial foi de 50 mcg/dia, sendo que no retorno já aumentei a dose para 75mcg/dia. O novo retorno, então, seria dentro de 4 a 6 semanas, trazendo os resultados de TSH e T4 livre. Caso fosse necessário, faria novo reajuste de dose. Passaria então para 100 mcg/dia. Avaliaria novamente dentro de 4 a 6 semanas, com novas dosagens de TSH e T4 livre. Procederia dessa forma até atingir a dose adequada. Depois disso, monitorizaria o paciente a cada ano (ou a cada 6 meses? Tenho dúvida em relação a isso) com avaliação clinica e dosagem do TSH e T4 livre.



2     caso clínico – Sr. Atheros Magnus
Leia com atenção o caso clínico abaixo. Este paciente também é analisado pelos alunos que estudam o tema Dislipidemia.
O Sr. Atheros Magnus, 46 anos, é seu paciente há mais de um ano. Neste período vocês já tentaram diversas alternativas não farmacológicas para que ele conseguisse melhorar o perfil lipídico, mas nada deu certo. Ele segue rigorosamente a dieta com baixo teor de gordura saturada e colesterol, e ingere frutas, verduras e legumes. Ele não fuma e consome álcool com moderação. Pratica atividade física regularmente e vem mantendo um peso saudável (IMC=22). Ele não tem hipertensão, diabetes ou difunção função renal e hepática. As dosagens do colesterol LDL em geral estão por volta de 190 mg/dL, do colesterol HDL por volta de 40 mg/dL, e dos triglicérides por volta de 180 mg/dL.
Ele iniciou com dor precordial e evoluiu para infarto agudo do miocárdio. Após este evento, foi-lhe solicitado TSH=25,6 e T4 livre=0,6. A palpação da tireóide revelou glândula discretamente aumentada, fibroelástica, sem nódulos.
15) Comente o diagnóstico de hipotireoidismo e a possibilidade de ele já ser portador do hipotireoidismo há longa data.
O paciente tem hipotireoidismo, pois apresenta níveis de TSH consideravelmente aumentados e o T4 livre está abaixo do valor de referência. Possivelmente ele já apresenta essa afecção há mais tempo, uma vez que a dislipidemia é uma possível alteração devido ao hipotireoidismo (podendo contribuir para acelerada aterosclerose, como pode ter sido o caso!!) e o Sr. Atheros tem história de dificuldade de melhorar o perfil lipídico mesmo com mudanças no hábito de vida.

16) Faça uma prescrição de (levotiroxina) incluindo o nome comercial, dose, orientações para uso e data do retorno. Como serão os aumentos de dose? Lembre-se da doença coronariana. Releia as implicações deste diagnóstico no tratamento do hipotireoidismo.
Uso oral
1. Levotiroxina (Puran T4) 12,5µg ----------------------------------------- 30cp/mês
Tomar um comprimido ao acordar, em jejum, no mínimo 30 minutos antes do café da manhã. Uso contínuo.
Fazer o exame de sangue para dosar TSH e T4 livre depois de 4 semanas de tratamento e voltar à consulta (dentro de 4 a 6 semanas depois de iniciar o tratamento).
No retorno, faria uma minuciosa avaliação clinica, e avaliaria os resultados de TSH e T4 livre. Se fosse necessário reajuste de dose, a mesma seria feita de forma mais cautelosa: elevaria 12,5 mcg/dia a cada 4 a 6 meses, após nova avaliação clinica e analise dos resultados de TSH e T4 livre.


Fim do Estudo Dirigido.


[1] Anelise Impelizieri Nogueira. Hormônios tireoidianos.
[2]Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Hipotireoidismo: Projeto Diretrizes, 2005.
[3] DevdharM, Ousman YH, Burman KD, Hypothyroidism. Endocrinol Metab Clin N Am 36 (2007) 595–615
[4] Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Tireóide, Doenças da: Utilização dos Testes Diagnósticos, 2004